Quando eu era criança, adorava Indiana Jones. Os filmes dele me
fascinavam. Não era só o jeito sexy que ele se livrava das mais sinistras
situações, mas a maneira como ele pensava, pesquisava e chegava à verdade.
Depois de assistir “Caçadores da Arca Perdida” uma centena de vezes eu decidi:
quero ser arqueóloga.
A ideia de investigar o passado me dava até cócegas nos pés. Eu
amava história na escola (tirava as médias mais altas do colégio) e nem
precisava estudar. Eu só escutava as histórias contadas pela professora e lia
tudo com muita, muita atenção. Nesta época descobri que a única maneira de ir
muito bem na escola era assim, interessando-se demais pelo assunto em questão.
Hoje, eu traduzo isso para um sonoro “só trabalhe com o que você gosta” ou diga
adeus ao sucesso. É mais ou menos isso!
Mas o que eu não gosto, aliás, o que me tira o sono é saber que
certas histórias nunca foram contadas. Que nunca saberemos certas coisas que
aconteceram na história do mundo, do Brasil. Sempre que a professora chegava a
um “isso ninguém sabe” eu pensava: como assim? Então uma parte da história se
perde e fica por isso mesmo? Mas é importante saber isso porque o passado
explica quem nós somos hoje. E é nisso que eu acredito, até hoje.
Eu não me tornei arqueóloga ou palenotóloga ou coisa parecida. Mas
me tornei um tipo de desbravadora da alma humana. Quando um cliente senta na
minha frente o que preciso pesquisar é onde está o ponto, aquele ponto que
mudará tudo. O ponto em que ele foi abandonado. O ponto em que ele entendeu
qualquer coisa errada. O ponto da dor, do trauma do passado, da falta de amor
que, muitas vezes, uma criança não sabe administrar. E, claro, quando ela não
sabe, leva isso como uma verdade para o resto da vida.
Algumas histórias nas nossas vidas são assim. Não adianta
investigar porque, muitas vezes, elas nem ao menos estão prontas para serem
mostradas. São aquelas palavras que não adiantam ser repetidas. As perguntas
que não terão uma resposta. Ou porque a pessoa morreu, ou porque a situações
foi há muitos anos, ou porque você sabe que, simplesmente, não adianta mais
perguntar.
Algumas respostas simplesmente não existem. Elas são como os
tesouros encontrados por Indiana Jones, o cálice sagrado e perdido. E o Santo
Graal, como muitas vezes foi colocada por Jung, dentro do estudo da Alquimia, é
encontramos os pedaços perdidos de nossas almas.
Mas, de um jeito ou de outro, não adianta procurar isso em outras
pessoas. Talvez, só precisemos admitir que não, que não nos competia ou compete
saber a resposta. Que talvez só o que vemos no presente nos baste para
entendermos o que morreu, o que passou, o que não faz mais parte das nossas
vidas. A vida é um ciclo eterno de renovação. O tempo todo ela se recicla,
deixa o velho e manda entrar o novo. Mas nós, humanos, não somos assim tão
capazes e tão atentos à estas mudanças. Nos apegamos à comportamentos antigos,
crenças já ultrapassadas. Deixamos nossa velha mente (sempre ela, a velha que
mente) nos dizer o que é certo ou errado. Um processo terapêutico é justamente
uma maneira de responder as perguntas por você mesmo, sempre precisar de mais
ninguém.
Será que ele me amou de verdade? Por que ele não disse a verdade?
Por que ela finge que nada aconteceu? Como as coisas realmente aconteceram?
Muitos e muitos outros porquês. E algumas vezes precisamos nos desapegar das
respostas, para que elas apareçam para nós.
Algumas coisas são compreensives. Outras não.
Não cabe a nós decidir. Precisamos só que nossa alma faça o seu trabalho e nos
leve para frente, sempre no caminho de uma evolução que é impossível de parar.
A evolução não pode parar pelas suas respostas mal respondidas. Ou por suas
perguntas sem respostas. Simplesmente aceite e siga em frente. Sempre.
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