Nossa, faz tempo que eu não escrevo aqui. Detesto deixar meu bloguinho abandonado, mas não teve jeito. Com tantos compromissos de trabalho e mais uma mudança nas costas, tive que abrir mão de algumas das minhas coisas.
É interessante como se mudar de casa muda algumas coisas dentro da gente. Hoje, por exemplo, eu me vejo aqui me perguntando o que fazer da minha vida. Parece que as coisas que eu tinha antes não estão lá fazendo mais tanto sentido. Um quarto novo, com um verdadeiro camarim dentro (depois posto fotos) podem mudar a cabeça e a vida de uma mulher.
Acho que é isso, estou me sentindo mais mulher. Estou sentindo que tem alguma coisa dentro de mim que mudou, mas ainda não sei direito o que é. Só sei que é forte, só sei que vai mudar mais e mais coisas na minha vida. No momento, por exemplo, estou dividida entre 3 frentes de traballho que me parecem igualmente interessantes. Mas que, começo a perceber, que são diametralmente opostas.
Há pouco mais de um ano eu resolvi entrar para o time de consultoras de Mary Kay. Escolhi isso para ter mais lucro financeiro sim, mas não só por isso. Eu amo maquiagem, amo creminhos e a Mary Kay me ensinou a ter mais autoestima, a não ter vergonha de andar maquiada (juro que eu ainda tinha resquicios de "maquiagem é coisa de puta" vindo diretamente dos anos 70). Também me ensinou disciplina, um pouco mais. Ensinou que eu posso chegar lá onde eu quiser da minha vida, posso voltar a ter sonhos. Me fez conhecer um monte de gente legal, enfim, é bem bacana. Mas eu acabei me atrapalhando com as contas, com a coisa toda de gerir uma empresa. No mês passado fiz um curso de Análise Financeira no Sebrae e percebi que deveria ter aprendido isso antes de me meter com a Mary Kay. É uma empresa boa, mas eles não ensinam sobre o básico, que são como manter as finanças de uma loja em ordem e sem afundar. Então me atrapalhei nisso, mas sei que dá pra reverter com um pouco (mais) de disciplina.
Por outro lado tenho meus pacientes que eu amo. Sou psicóloga, psicoterapeuta, e estudei um tempão pra isso. Adoro tudo relacionado à psicologia. Mas o tipo de vida de um psicólogo é muito solitário. Passamos dias enfiados no consultório, sem ter muita interação com pessoas fora deste universo. Você acaba meio viciada e até foi por isso que eu fui pra Mary Kay, pra poder sair, ver e ser vista, eu também adoro isso tudo.
E tem a minha parte escritora. Eu amo escrever e eu sonho é publicar um livro. Fora todos os artigos da internet, escrever já me deu muitas alegrias e bastante reconhecimento. Mas não financeiro, isso é verdade. Sou bastante reconhecida, recebo muitos emails lindos de pessoas que meus textos ajudaram, mas não ganho um centavo por isso. Aí é complicado. Será que uma carreira de escritora, de fato me faria ganhar melhor? Ai Jesus, como está difícil.
Percebi que os problemas que andei tendo, com a coisa das finanças da Mary Kay, foram principalmente porque talvez eu precise fazer uma escolha. Sim, preciso de mais disciplina financeira (e sei que não faço isso porque é mesmo chato), mas preciso principalmente escolher no que eu quero de fato, investir. Não tem como, no mundo de hoje, você investir em tudo. Falta tempo e dinheiro pra isso, esse é o problema. Quando nos metemos em projetos demais, acabamos não fazendo nenhum direito e, sinceramente, eu não sei o que fazer.
Tenho um bom estoque e gostaria muito de continuar com isso. Mas não teria o tempo necessário. Que dilema. Na verdade, talvez eu esteja só apegada à alguma destas ideias, e não percebendo qual é a minha de verdade.
Estou dizendo isso porque estou mesmo precisando entrar no desapego. Estes dias, no meio da mudança, eu vi que tenho casacos demais. Eu não sabia disso porque, como eu tinha pouco espaço no guarda-roupas da casa da minha mãe, eu acabava espalhando os casacos em outros armários e não via o que tinha. Percebi que tenho casacos ótimos, mas que não me servem, por exemplo, ou que não caem bem. Não adianta ter uma coisa no seu armário que não te cai bem, por mais que você ache lindo, não é? Percebi que tenho 4 (quatro) travesseiros. Todos são fofinhos, mas como você colocar quartro travesseiros na sua cama? Onde eu durmo? E onde eu vou guardar tanto travesseiro durante o dia? Descobri que tenho muito mais coisas do que posso usar, ou do que fica de fato útil na minha vida. Não precisa de tanto, mas me pego com pena de doar, de jogar fora e eu nunca, nunca, nunca fui assim na minha vida. Será que é a idade?
Talvez esteja apegada em mais coisas, e não esteja percebendo. Talvez isso tudo só esteja chegando à minha consciência agora porque é hora de desapegar. Não quero desapegar da Mary Kay, nem dos meus atendimentos de pacientes, nem de atendimentos de tarô. Nem de escrever e nem de publicar o meu livro. Mas sei que é humanamente impossível fazer tudo isso e ainda tomar banho, sair com os amigos, limpar a casa, lavar a roupa, arrumar o consultorio, fazer reformas e mudanças, comprar o que é necessário, passar mais tempo com a minha sobrinha, sair com a família de fim de semana....ufa...fora as viagens programadas ou pensadas...fora o novo amor (que estou esperando pra entrar na minha vida)! É coisa demais! Preciso ficar mais simples, deixar um pouco de bagagem na estação do trem. Até li uma resenha do livro da Danuza Leão - É Tudo tão Simples. Talvez, eu só precise ler este livro. Né?
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