14 de mar. de 2012

A única constância é a mudança

E cá estou eu. Signo de Áries do primeiro decanato. Número 5 de nascimento. Signo chinês de Dragão de Fogo. Filha de Iansã. Fogo, com fogo, com fogo, com fogo. Descobri por estes dias que 2012 é o ano do Dragão. E que na China as pessoas planejam seus rebentos para nascerem neste ano porque serão pessoas de sucesso, de pioneirismo. E ainda nasci, praticamente, numa rua chamada Argonautas. Local onde, praticamente, trabalho hoje.
E aí você me pergunta: mas porque tantas coincidências? E eu respondo, coincidências não, meu caro, sincronicidades. Porque eu devo ser mesmo uma pessoa que precisa ser pioneira. Precisa começar as coisas antes e não pode parar. Não pode ter um descanso, não pode formar lodo no fundo da lagoa. Para mim, a única certeza é a mudança.
E estou eu aqui às voltas com as mudanças novamente. Altamente ansiosa pela série de acontecimentos que se desenrolaram em menos de 3 meses de 2012. Há menos de 20 dias de completar 36 anos (eu sei, sou conservada e modesta)! Às vésperas de mudar de casa, pela décima vez na minha vida. Mas agora é diferente.
Terei, pela primeira vez, a minha própria casa. Até hoje morei com meus pais, não porque quisesse muito, mas por falta de opções financeiras. Fiz inúmeros cursos, viajei, realizei coisas que só se realizam com ajuda de outras pessoas. Só, no Brasil, formada em psicologia, seria bem complicado. E passei muito tempo esperando o dia em que teria o meu próprio teto.
Minha casa é pequena ainda. Um apartamento,porque moro em apartamentos desde os 11 anos de idade, e porque foi o que deu pra fazer. Vejo-me às voltas com cores de decoração, com tipos diferentes de geladeira, com pequenos detalhes e prazeres que, até então, não precisei me preocupar. Fiz um mundo a meu redor na casa dos meus pais, meu quarto, um lugar muito pequeno para as coleções que, aos 36 anos, todos nós já possuímos. Coleções de romances rompidos, coleções de deprês, coleções de conquistas. Coleções de roupas, de autoestima, de maquiagem. Coleções de ideias que mudaram, e que voltaram ao começo. Começava a achar que este seria o meu destino, um armário onde cabia uma cama, e vi que não.
Assusta. Eu confesso, assusta um pouco. Apesar de ser uma coisa que eu sempre quis, não estou saindo com um marido carinhoso e uma nova vida pela frente. Estou saindo com a cara, a coragem e alguns poucos bens acumulados. Levo na bagagem só o que eu aprendi, algumas roupas sem grife, uma cafeiteira quebrada, uma máquina de pão esquecida e um pouco do meu eterno medo. Personalidade organizada, crítica, responsável e ansiosa. Uma coleção razoável de anéis e livros, dois vasos de flores, três porta-retratos (um tem a minha foto e os outros dois da Malu, minha sobrinha), algumas toalhinhas que herdei de uma avó e um anel vintage que herdei da outra. E um monte, um monte de sonhos na cabeça.
Sempre que alcançamos algo, outros sonhos nos aparecem.Eu nunca sonhei em me casar, em ter filhos. Nunca pensei em viajar pelo mundo com uma mochila nas costas e nem em fazer cinema (mentira, eu cheguei a prestar cinema na USP há alguns anos atrás) mas ter a minha casa, o meu canto, ah, isso eu sempre sonhei. Fiquei pensando que talvez eu possa ser mais eu longe daqui. Possa ser uma Andrea mais calma, mais arrumada, mais relaxada. Uma Andrea que não teme que a mãe passe na porta do quarto e peça qualquer coisa. Uma Andrea que pode receber as pessoas que ama. Não tenho ilusões de que não vou sair da balada porque, né, nunca tive problemas com isso aqui com meus pais. Sempre pude fazer tudo o que quisesse, sem problemas (menos dormir fora com o namorado se eles estivessem aqui, a não ser que fosse um namoro longo), mas sempre respeitei regras que eu não fiz. Sempre tentei organizar o inorganizável, haja visto que nasci de uma mãe e pai aquarianos, que não sabem nem onde largaram a própria cabeça. Enfim, acho que poderei me encaixar melhor num mundo que seja meu, o meu pequeno e organizado mundo, onde tudo parecerá perfeito.
Sim, expectativas, eu sei. Não será perfeito. Ganharei uma lista interminável de novas responsabilidades. Uma conta no banco mais magrinha, uma série de novos objetos de desejo. Um ou dois carnês das Casas Bahia e adjacências. Ganhei duas coisas  hoje: a geladeira Brastemp Inverse (achei a ideia de colocar o freezer embaixo maravilhosa) e um microondas da mesma linha. Mas o que eu realmente preciso, eu sei que eu tenho: eu mesma. Feliz é pouco. Assustada, talvez. Realizada, com certeza.

Um comentário:

Renata disse...

Texto inspirado, hein! Tenho certeza que esta nova etapa que se inicia em sua vida será riquíssima. Parabéns pela conquista!!!! Já me sinto convidada para tomar um cafezinho!!!!!
bjs.
Renata