20 de fev. de 2012

Sim, eu aceito!



O dia está esquisito. As energias, bem estranhas. O meu cunhado mandou uma mensagem dizendo que a minha irmã está no hospital e suspeitam de gripe suína. Mas não ligou, só mandou uma mensagem.
Eu acordei as quatro e pouco da manhã sentindo uma pressão na cabeça, uma coisa estranha, um medo. Hoje notei que a minha barriga está cheia de manchinhas, como aquelas vermelhas que depois viram sardas. Estranho.
Fico pensando, com o meu poder de ser impressionada pelas coisas, na moça que morreu com meningite hemorrágica, uma história que eu ouvi na semana passada. Ela deu entrada no hospital num dia, 36 anos, grávida, e no outro já tinha ido embora. Quando o Universo quer nos levar ele dá um jeito. E aí não tem nada que possamos fazer.
Acredito que é isso que eu preciso aprender. Aprender a me soltar para a vida e para as possibilidades. Incluindo a possibilidade da morte e da perda. A minha morte, a morte dos outros e como outros reagiriam à minha. Eu nunca pensei nisso porque tinha medo. Medo de que as palavras ou os meus pensamentos atraíssem alguma coisa ruim, como se eu sozinha tivesse este poder.
Este poder é de Deus. E não existe mal. Só existe o bem. Lendo o livro “Emagrecendo pelo poder do espírito” eu entendi algumas coisas. Lá ela diz que pessoas que engordam não aceitam o mundo como ele é. E eu sei que estou assim. Não aceitando o que parece mal. Não aceitando manchas fortuitas no corpo, irmãs doentes, problemas de qualquer ordem.
Eu quero viver em paz. Paz aqui dentro. E se para isso eu precisar me desapegar de verdade das pessoas e aprender a amar por amar, eu vou fazer. Não amar por querer todo mundo perto e nem pensar que eu posso proteger as pessoas de algum sofrimento.
Eu não posso. Eu não tenho este poder. Estou aceitando a minha impotência em não conseguir resolver certos tipos de problemas. Nunca aceitei a morte. Nunca aceitei a morte da minha avó, aos 14 anos de idade. Nunca aceitei ter saído de São José dos Campos e deixado lá todos os meus amigos. Nunca aceitei que eu mesma, um dia, vou morrer. Eu vou morrer. Repetir isso é estranho. Muito estranho. Um fim em mim. Um dia, o Universo virá e vai falar “Olha, preciso te levar embora”. E eu vou. Porque parei de não aceitar alguma coisa. Eu aceito. Aceito tudo. Nada de críticas, nada de criticar as pessoas do apartamento de baixo que falam alto demais. Nada de criticar motoristas imprudentes.
Minha lição hoje será: eu aceito. E tudo o que vir na rua, no mundo, em mim eu vou repetir esta frase. Vou me deixar levar, vou entrar no fluxo da vida e parar de brigar com ela. A vida sempre ganha mesmo, não é? O que me adianta brigar com ela? Quanta bobagem...quanta pretensão! Sim, a palavra é esta, eu estava pretensiosa. Achando que eu poderia controlar o mundo, as pessoas, a morte, os motoristas, a chuva, o sol, Deus! Quanta pretensão. Eu sou maravilhosa, mas sou um cisco (necessário) no Universo das coisas. Eu vim para cá para somar, para ajudar.
Sempre me disseram isso e eu não tinha entendido. Eu só vim ajudar. Mas para isso, antes, eu preciso aceitar. E aceitar vai fazer com que eu não me impressione mais com nada. Nada nesta vida. Só preciso de tempo, descanso e aceitação.
Aceitar a vida. Aceitar que estou num plano de coisas onde existe sim dor e sofrimento. Onde existem assaltos, onde existe afogamento, tsunamis, conta bancária vermelha, gente drogada, mortes no transito, Jornal Nacional e Faustão.
Mas também, e é nesta faixa que eu vou me conectar, existe praia e sol. Montanhas verdinhas, café quente, suco de melancia, chocolate. Existem lojas com coisas lindas, camas confortáveis, cheiro de grama cortada. Existem lembranças de avós e avôs na praia, passeando pelo jardim. Existem esmaltes de cores divinas e alegres. Existe amor, beijos intermináveis, saudade boa de quem está longe. Amigos, risadas até as altas horas da madrugada. Aquela sensação boa de tomar uma boa taça de vinho branco. Frescor. Refresco, brisa num dia quente. Uma sensação de energia e bem estar depois de fazer 30 minutos de esteira. Sucesso. Metas alcançadas. Amor de mãe e de pai. Almoço de família, bebês fofos. Um sobrinho esboçado, canetinhas coloridas e a Barbie. Existe dormir até as 11 num domingo preguiçoso. Existe descansar os pés depois de uma longa caminhada. Pão feito em casa e pão de queijo assado em casa com café fresquinho e leite.
Existe roupa pequena que agora serve. Existe acordar com o seu amor do lado, ou com seus filhos puxando as cobertas. Existem festas de aniversário, Natal, Réveillon. Viagens, conhecer lugares novos. Paris, Nova York, Índia, Tókio. Comida japonesa de rodízio. Pastel de feira. Flores, muitas e muitas flores. Ver seu vaso de morango brotando...
Existem tantas e tantas maravilhas. Tanta coisa boa que a lista seria interminável. Esta é a minha lista das coisas que eu aceito.  


Fev/2008

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