Dr. Mario Sabha
Certa vez, ouvi uma paciente dizer: - Doutor, acordei chorando, acho que foi um pesadelo! Acabei de escutar o relato da paciente, observando mais do que ela mesma poderia naquele momento de aflição. Vendo que naquele momento a paciente acessou um conglomerado de emoções com as quais ela não conseguia lidar, percebi que poderia se tratar de um caso de autossabotagem. Continuamos a sessão e ela me dizia como se sentia confusa, pois não compreendia o motivo deste sentimento, sendo que ela se via uma pessoa alegre e positiva. Em seguida, indaguei com firmeza: - Que tipo de acontecimento você ainda não quer encarar? Ela respondeu com cara de choro, seguida de uma catarse somatoemocional: - Acho que ainda não aceito a minha separação! Mas já faz tanto tempo... Começava naquele instante o tratamento da paciente para suas emoções encobertas, sua autossabotagem.
De forma geral encobrimos emoções de forma inconsciente, para que não tenhamos o trabalho de lidar com elas em alguma passagem (quase sempre muito importante e significativa da vida), onde sentimos tanta dor que não queremos lidar com este sentimento, ou tanta rejeição das pessoas e do mundo, ou ainda, sentimos tantas saudades de alguém que não nos permitimos trabalhar com estes sentimentos e com as emoções que ela nos causa. É muito comum sabotarmos a dor, a raiva, o desprezo e até o amor, quando sentimos falta de alguém, o que acontece após a ruptura de um relacionamento, a morte física de uma pessoa especial, o término desastroso de um empreendimento mal gerenciado. Enfim, podemos nos autossabotar de muitas formas, reprimindo qualquer tipo de sensação que elegemos como inadequada, porém com um sorriso no rosto. Acontece um fenômeno no qual sofremos internamente, sem perceber conscientemente, porém, ao mesmo tempo, apresentamos um “verniz emocional”: sorrimos, gargalhamos, contamos piadas e dizemos que “está tudo bem” em nossa vida. O passo a passo da sabotagem e do auto engano é: 1- Sentir, 2- Fingir que não sentimos, e 3- Fingir que não fingimos.
Existem também outras formas de se sabotar, esconder de si mesmo uma capacidade ou um potencial inato. Provavelmente para não ter o trabalho de fazer o seu melhor na vida, ou de não buscar o que deseja, com o pretexto de que não merece algo melhor. Você deve ter visto algumas pessoas dizerem frases como: - Não tenho dinheiro para nada! Não tenho oportunidade de empregos, sendo que o mercado está aquecido, precisando de mão de obra qualificada. Deve ter visto também, pessoas que dizem não ter como pagar uma conta, mas que acabou de comprar um computador, o celular de última geração, a roupa transada das lojas mais badaladas dos shoppings centers da cidade. Você já viu aqueles que nunca têm tempo pra nada, nunca se divertem, só trabalham? Eles também sabotam o seu lazer, seu descanso, pois se ficarem um pouco mais consigo mesmos sentem o que a minha cliente sentiu (no início do texto) e desestruturam-se por não saber interpretar o que estão sentindo, ou seja, a repressão das emoções encobertas.
Quantas pessoas fazem personagens (tipos, sem saber que estão representando) para mostrarem que têm autoestima elevada, se obrigam a ajudar todos em sua volta, como se fossem “fiscais da obra divina”, enquanto suas vidas estão estagnadas, sem sentido, sem cor e sem graça? Estas pessoas se enganam, tentando distraírem-se de si mesmas, encobrir suas emoções, enquanto mostram ao mundo que são “felizes”. No entanto, um dia as máscaras caem e de repente, sentem a tristeza, a raiva, a rejeição que não queriam sentir, seja num sonho (pela mente inconsciente), ou no mundo consciente, através de um emprego com a figura do colega ou chefe que as faça sentir a necessidade de transcender sua autossabotagem. Geralmente carregamos e transferimos autossabotagens, desde a nossa infância até a vida adulta, e muitas pessoas não se livram delas na vida, pois não querem lidar com episódios como: a perda de um ente querido ou de seu animal de estimação, o fracasso de seu negócio, mas em seguida, emocionam-se terrivelmente com uma propaganda de margarina.
Se você enxerga sua sabotagem, ou algum conteúdo dela, este é o primeiro e único passo para se curar. Existem profissionais que possuem o treinamento adequado para perceber e analisar a autossabotagem instalada, auxiliando o indivíduo de forma concreta através de exercícios específicos de auto-orientação e gerenciamento emocional, o que funciona apenas quando o cliente está maduro para explorar o seu interior e se responsabilizar por suas emoções. Será que você seria capaz de admitir que área da sua vida está sabotando até agora?
Qualificação profissional
• Doutor em Neuroanatomia (Unicamp)
• Mestre em Anatomia Humana (Unicamp)
• Pós-Graduado em Acupuntura (Talent International University of Natural Health)
• Graduado em Fisioterapia (Universidade de Marília)
• Formação em Terapia Manual Osteopática
• Especialista em Hidroterapia (TAI - Terapia Aquática Integrada)
• Conselheiro Metafísico Transenergético (Luiz Antônio Gasparetto)
• Palestrante Motivacional e Consultor Metafísico em Relacionamentos e Inteligência Emocional
• Professor Universitário dos cursos da área da Saúde (UNIPINHAL, PUC, FAJ)
Site: www.mariosabha.com.br
Um comentário:
Não sabia da existência desse "diagnóstico", apesar de ser um comportamento muito comum. Excelente artigo.
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