22 de mar. de 2012

Sobre os 36

Pré-aniversário. Coisa estranha que é fazer aniversário! Você se sente exatamente como antes, mas eles começam a contar um ano a mais nos seus documentos. Um ano a mais se você sair na Revista Caras, um ano a mais de vida...um ano a menos para a sua morte. Não deixa de ser isso. A vida é o caminho entre o dia que nascemos e o dia em que morremos. Isso pode demorar muitos anos (como meu avô, que morreu aos 96), alguns bons anos (como a minha avó que morreu aos 64), poucos anos (como um tio que morreu aos 33), menos ainda (como a minha cadela Meg que morreu aos 13). Se for ver, já perdi um monte de gente no caminho. E aqui estou citando só os mortos fisicamente, tem os que morreram pra mim, os que sumiram, aqueles que eu nem nunca  mais vou me lembrar. Você já teve uma sensação engraçada, quando alguém conta alguma coisa na qual você estava junto e você não se lembra? Eu fiz isso? Não, você deve ter me confundindo! Confesso que nunca tive lá a memória muito boa. Outro dia a minha irmã virou pra mim e falou "..sabe aquela vez que você dançou com o Bruno no bailinho do prédio?" E eu: ah? Eu nunca dançei com o Bruno no bailinho do prédio...achei engraçado porque eu só me lembrava que o Fábio, que para mim era deveras interessante, não me tirou para dançar! E quando alguém conta alguma coisa, na hora você se lembra e pensa "eu nunca mais me lembraria disso se você não falasse". Pois é, são coisas que só acontecem depois dos 30 anos de vida mesmo.
Não posso reclamar dos meus 36 anos de existência, até que eu aproveitei (e aproveito) muito bem. Só melhorou de lá para cá. Acho que sou mais bonita hoje do que aos 20 anos. Esse lance de autoestima nunca foi algo muito bem resolvido para mim, demorou, então hoje eu vejo uma beleza que, apesar de até estar lá 16 anos atrás, eu não enxergava. Hoje eu tenho muitas coisas: alguma experiência amorosa, duas faculdades feitas, alguns anos de profissão. Meus pais, uma sobrinha linda e duas irmãs. Muitos, muitos, muitos amigos mesmo, disso eu também não posso reclamar. Alguns estão comigo até hoje. Alguns eu vejo só de vez em quando, alguns eu nunca mais vi mas, sabe, lá no fundo, ainda gosto deles! Tenho muitas experiências de viagens, de lugares legais que eu conheci, de momentos maravilhosos. Tenho coisas, fisicas mesmo, que eu adoro. Tenho uma boa voz pro karaokê, uma boa mão para cozinha e para escrever..enfim, a minha lista de coisas boas ainda é maior do que a de coisas ruins, apesar da segunda sempre me preocupar mais e chamar mais a minha atenção. Errado, Andrea, não se faz isso. Mas eu faço ainda.
Penso que eu ainda tenho bens uns 40 anos pela frente, pelo menos, para consertar algumas coisas. Para modificar algumas coisas que não consegui nos 36 primeiros anos. Ainda preciso, de vez, fazer as pazes com o meu peso e com a minha conta bancária. Ainda preciso descobrir como publicar meu livro, ver minha sobrinha crescer (feliz e saudável sempre), ir ao casamento de amigas queridas e ver os bebês delas nascendo. Assistir uma pá de por de sol muito bem acompanhada. Ou só também, sem problemas. Ainda preciso conhecer a Espanha (todo mundo conhece, menos eu), perder o medo de avião e de tempestade e de engasgar com qualquer coisa. Aprender a controlar açúcar, leite, gorduras e todas as porcarias que ando comendo. Aprender a me amar muito e mais e sempre, e não lidar com os problemas como tragédias anunciadas. Ainda tenho um longo caminho na Terra, disso eu sei. Ainda tenho boas e más notícias, bons e maus aprendizados. Ainda tenho tempo para ter extra-sístoles, crises de pânico e diarréias, mas também tenho tempo para curar isso tudo. Curar, de dentro para fora, de fora para dentro. Curar o que eu sinto de mal, fazer com que tudo me pareca mais normal.
Ainda preciso muito...mas fazendo esta retrospectiva, parece que consigo angariar as forças necessárias. Vencer o cansaço de uma fibromialgia insistente, olhar para cima e avante. Perceber que pequenas coisas são, muitas vezes, mais importantes do que as grandes. Perceber que a vida não tem tantas regras como pensamos, pensar fora da caixa...ou nem pensar. Simplesmente sentir o que eu sinto por mais errado que isso pareça. Sentir pode ser dolorido quando entra a cabeça..mas fazer o que? Se a vida é uma escola, eu sei, sou uma excelente aluna. E feliz mais 40, 50, 60 anos da minha vida!!!

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