1 de out. de 2010

Grey Gardens

Assisti ontem um filme só por causa do figurino, confesso. E por conta de ter no papel principal a linda Drew Berrymore, de quem sou fã incondicional. Não somente dela como atriz, mas como pessoa que superou e supera tudo com um belo sorriso nos lábios.
O filme trata de parentes de Jack Onassis (ou Kennedy, como queiram). Sua tia e sua prima, ambas com o nome de Edith e uma vida estranha e simbiótica. Edie, a filha (Drew Berrymore) sonha em ser atriz e dançarina no idos dos anos 30. Sua mãe e seu pai a aconselham a se casar para poder ser sustentada pelo marido. Ela não topa, mas ao mesmo tempo não consegue por si mesma uma colocação à altura do seu então padrão de vida.
O filme começa com uma bela casa em decadência e um cineasta que, em 1973, resolve filmar a vida delas. Duas pessoas completamente ligadas, completamente conectadas, que terminam as frases uma da outra. Uma filha frustrada por ter sido presa pelas teias da mãe a vida toda. As duas terminam na casa imunda, com perigo de serem despejadas pela vigilância sanitária.
A melhor parte do filme é a relação de mãe e filha. A mãe não é autoritária, não é mandona, não é do tipo que fala coisa feias e que faz todo mundo ficar com raiva dela. Ela é pior! Ela é manipuladora ao extremo, fazendo com que a filha faça as suas vontades egoístas de atenção e carinho, sem nem mesmo perceber.
Em determinado ponto do filme a filha resolve ir morar em Nova York e tentar a vida por lá. Neste ponto, seus pais estão separados e a mãe vive com uma parca pensão. A menina se envolve com um homem casado que, lá pelas tantas, diz que foi só sexo e quer terminar. Ela teria uma audição com um figurão da Broodway no dia seguinte e liga para a mãe para chorar. A mãe pede que volte pra casa, que ela não tem condições de fazer uma audição naquele estado, que terão outras oportunidades. Bom, não existem outras oportunidades. A moça envelhece no filme, ao lado daquela mãe, fazendo-lhe as vontades e as necessidades e sem realizar o seu sonho.
É um filme triste. Mostra até onde a necessidade emocional de uma mãe pode chegar. Ao ponto de estragar os planos da filha, não deixá-la ser feliz por medo da solidão. Mostra o desespero humano por debaixo de uma aura de falso glamour. Mostra a verdadeira face das pessoas, aquela que é difícil de enxergarmos no dia a dia.
Qualquer um pode ter uma mãe como essa. Ou um irmão, um marido, um namorado. Alguém que se encaixa em você como um vampiro, exigindo necessidades que não lhe cabem atender. E você, com seus conflitos e suas necessidades também, acaba por aceitar.É um jogo perigoso, frustrante, exigente,complicado. Não creio que nenhuma das duas percebia o que fazia. Simplesmente não tinham contato com seus sentimentos.
O filme ainda tem muitas coisas interessante, como o próprio figurino. Mas isso vou deixar oculto para não estragar a surpresa de ninguém. Também não vou contar o final. Mas recomendo que assistam ao filme com outros olhos. Não só vendo uma história, mas testemunhando uma realidade que acontece ao nosso redor o tempo todo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acabei de ver o filme, e sua descrição sobre ele é exatamente perfeita, em vários momentos fiquei revoltada com o que vi, uma mãe extremamente egoista e uma filha totalmente sem opinião. Ela era manipulada e no fundo sabia disso, mas por sempre crescer no casulo da mãe, não conseguia se impor, não conseguia lutar, o medo a dominava. É um filme muito interessante.