Temos medo da verdade. Apesar de sabermos que ela é sempre a melhor opção, que a ilusão sempre vai ferrar com a gente, ainda assim, morremos de medo da verdade. Arrume uma injeção, uma turbulência, uma dengue. Mas não me venha com essa tal de verdade colocando abaixo todas as ilusões que eu criei, às vezes durante anos e anos.

Comparado à minha vida, tudo a ver. Há alguns meses (ou semanas, ou dias, não sei) descobri em mim uma verdade e, consequentemente, destrui uma imensa ilusão. Sim, destas grandes, de 1.390 andares, 20 torres, todas lindas, cheias de vidros emoldurados. Uma ilusão daquela que leva a sua vida para um buraco enorme e faz você repetir os padrões, repetir e repetir. E. vou falar, não está sendo nada fácil!
Ainda não posso dizer que me recuperei do tombo. Porque não é um tombo de uma coisa específica, foi uma ilusão generalizada, por assim dizer. Eu criei uma fantasia na minha mente, que possivelmente já nasci com ela, e acreditei nela por anos a fio. E, um dia, eu olhei e nada daquilo estava lá. Mas isso, só depois de levar muita, mas muita porrada.
E aí, sincronicidade ou não, chego na minha aula de espiritualidade semanal e qual e o tema? A verdade. Deixar o ego para lá e olhar para o real. Só aí é que eu vi o porquê disso ser tão díficil.
Dá depressão, credo. Sério. Dá uma tristeza tão profunda. Parece que é a última tristeza da sua vida. Acredito que o que eu achei na minha vida é um núcleo de várias coisas.E sim, eu pedi muito pela verdade. E ela apareceria, mais cedo ou mais tarde. Resisti à verdade, briguei com ela, xinguei, mas não teve jeito. A vida sempre ganha.
Sim, nós nos apegamos às ilusões. Nos apegamos porque elas são tão confortáveis, tão bonitas. Dentro da minha mente eu posso inventar o que eu quiser. Posso inventar que coisas que não são, agora são. Posso inventar que tudo o que me incomoda, na verdade, não existe, nunca existiu. Posso criar uma imensa fantasia ao redor de pessoas, de fatos, de coisas. Posso não olhar para frente com os olhos neutros e, assim, não conseguir mudar o que é preciso mudar. Posso olhar para trás com dor, achando que todo o mundo só queria me magoar.
Não, ninguém queria te magoar. As pessoas só estão também presas nas ilusões delas e, muitas vezes, carregam você para dentro da delas. É como a história das sereias, que encantam seus marinheiros com sua voz macia e suave. Vão seduzindo e os carregando para a morte. A morte da ilusão. O desabar dos prédios que criamos somente na nossa mente, na nossa fantasia.
Somos facilmente seduzíveis quando estamos nessa ilusão sobre a vida. Qualquer pessoa ou situação pode usar artimanhas e nos levar para onde precisa. Possivelmente para dentro das ilusões delas mesmas. E, um dia, você vê que não era bem assim. "Que o que foi prometido, ninguém prometeu", como diria Renato Russo. Você acreditou, viu, sentiu as coisas como queria. Sentiu o que queria, acreditou no que queria, foi feito de você o que você imaginava. E a realidade? Ficou lá, jogada às traças, perdida num monte de entulho, fingindo que não existia.
Sim, ela observa. A verdade te observa de soslaio, quieta e quase inerte de um canto, só esperando o momento certo de agir, o momento certo de aparecer. Você sente essa ameaça o tempo todo, mas não sabe de onde vem e nem o que fazer e aí, pronto. Já foi. Ela passa violenta por você.
Ainda estou me recuperando. Estou muito melhor, é verdade, mas sinto ainda uma profunda tristeza. Estou me deixando ser e estar triste, não estou mascarando, novamente, a tristeza. Não quero mais esconder meu rosto neste grande baile de máscaras que é a vida. Mas sei que muitas coisas e pessoas ainda serão mascaradas. Só cabe a mim acreditar só em mim mesma, e na minha verdade. Posso ter parcerias, mas não dependencias. Posso ter amizades, mas nenhum parente, amigo, amor, nada é mais forte e mais importante do que eu mesma. Descobri a necessidade de um amor próprio muito maior do que eu vinha tendo até então.A minha verdadeira essência de Deus. E isso, meus amigos, é a cura na sua forma mais pura. A cura de (quase) todas as ilusões.
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