1) As mulheres não deixarão de trabalhar fora de casa, mas adequarão o
ambiente profissional ao feminino. “Esquemas como home office se
tornarão uma realidade cada vez mais presente, e as empresas terão que
se adaptar”, afirma a cientista social Celia Belem, da consultoria
Arquitetura do Conhecimento, em São Paulo.
2) Teremos um novo tipo de anfitriã, que abrirá as portas da casa para
realizar ali aulas de ioga, degustação de vinho... “Essa mulher quer
fazer com que os amigos virtuais virem amigos reais. Deseja ampliar seu
repertório cultural, sair do seu mundo”, diz Cynthia de Almeida,
consultora do Movimento Habla, área do Grupo Abril que estuda o
comportamento feminino.
3) Se as mulheres de classe A tradicionalmente ditavam as tendências de
consumo, de forma vertical, já estão perdendo o reinado para as de
classe C. Isso ficará mais forte nos próximos anos, segundo Celia Belem.
“Há um maravilhamento com o que elas conseguem fazer com o dinheiro.
Combatem o desperdício, preocupam-se em poupar e têm um lema ótimo: ‘A
gente não precisa comprar coisas caras o tempo todo’.”
4) As meninas de hoje serão, amanhã, mulheres que cuidarão da natureza
praticamente no piloto automático. As crianças estão levando os
conceitos de sustentabilidade para casa.
5) Para Celia Belem, homens e mulheres vivem o pior momento da relação
entre os sexos – e, “por inércia”, segundo ela, esse relacionamento só
tende a melhorar nas próximas décadas.“Temos um mundo de mulheres
fortes e homens fracos, fingindo comportamentos politicamente corretos.
Minha esperança vem justamente dessa tensão, que chegou ao ponto
máximo.”
6) Os próximos anos serão marcados pelo resgate da privacidade exposta nas
redes sociais. “A mulher vai passar a usar a internet mais
profissionalmente do que pessoalmente. Ela estará mais interessada em
postar seus projetos do que o churrasco do fim de semana em casa”, diz
Cynthia de Almeida.
7) Segundo o mapeamento do Movimento Habla, a mulher vai se dar ao luxo de
não assumir certas responsabilidades, aliviando um pouco o peso que
ficou sobre suas costas. E não se sentirá diminuída com o fato de o
marido ser o provedor da casa. Pelo contrário, poderá gostar disso.
8) A opção de não ter filhos deixará de ser vista como condenável. Mais
mulheres vão pular essa etapa ou adiá-la. Elas darão vazão ao instinto
maternal “emprestando” o filho da irmã, da amiga... Teremos uma geração
de “tias” assumidas.
9) O desafio de aumentar a participação política das mulheres continuará.
“A Lei de Cotas exige dos partidos que 30% de seus candidatos sejam do
sexo em minoria (no caso, o feminino). Mas isso não é suficiente para
garantir a eleição delas”, afirma Silvia Pimentel, do Comitê Cedaw,
órgão da ONU pela eliminação da discriminação das mulheres. Para chegar
ao poder, a ala feminina precisa de espaço para divulgar suas ideias e
receber investimentos dos partidos.
10) Agências de turismo do mundo inteiro apontam a tendência de as mulheres
tirarem férias conjugais. Mas viajar sozinha não será sinal de crise no
casamento. As solo travellers dispensarão a companhia do marido, por
exemplo, quando a data das férias não coincidir ou os planos de viagem
divergirem.
11) As mulheres maduras serão exemplo e inspiração para as mais jovens, que
vão considerá-las experientes e com ensinamentos a transmitir. A
supervalorização da juventude, tão marcante na nossa cultura, começa a
ceder lugar ao encanto da sabedoria.
12) Não haverá limites estanques no comportamento sexual feminino. Mesmo se
declarando heterossexual, a mulher se permitirá ter experiências com
outras mulheres por curiosidade ou para satisfazer um desejo momentâneo.
Haverá maior naturalidade para tratar do que hoje é considerado um
tabu.
13) Com a autoconfiança em alta, resultado do sucesso profissional e da
conquista da liberdade, a mulher voltará a valorizar o sexto sentido.
Segundo o Movimento Habla, ela vai usar a intuição até para resolver
questões no trabalho.
14) O conceito de família será norteado pela qualidade e integridade do
vínculo, e não pelo grau de parentesco. Ela não será necessariamente
constituída apenas por pai, mãe e irmãos, mas, provavelmente, por amigos
e parentes com os quais se consiga estabelecer uma relação sólida e
duradoura.
15) As mães, no papel de agregadoras da família, estarão preocupadas em
neutralizar o isolamento causado por iPads, joguinhos, celulares, redes
sociais... Uma tendência apontada pelo Habla é que elas vão procurar
recuperar brincadeiras offline e objetos lúdicos no dia a dia com os
filhos.
16) As televisões serão mais finas, leves, flexíveis. Como camadas de filme
plástico, poderão ser acopladas ao notebook, tablet ou celular.
17) As casas terão plantas individualizadas, norteadas pelo estilo de vida
de sua dona. Não será nada exótico ter um apartamento sem cozinha ou
lavanderia, por exemplo, mas com ateliê de costura, academia de pilates
ou sala de brinquedos.
18) As geladeiras serão sustentáveis e “cooperativas”. Haverá um painel
frontal que informará quais produtos estão faltando. O eletrodoméstico
será programado para se comunicar online com o supermercado e encomendar
os itens necessários.
19) Pelo celular você enviará comandos para acender a luz da garagem e do
jardim de casa. Pertinho da rua, poderá acionar a banheira de
hidromassagem e descongelar um alimento para o jantar.
20) Para resolver o problema da mobilidade nas grandes cidades, a agência
internacional de design Smart City aposta em carros públicos. Automóveis
bem pequenos que você pegará em uma estação de metrô, usará durante o
dia e depois devolverá.
21) Os estudos apontam para tecidos autolimpantes (que ficam limpos
automaticamente) e termorreguladores (que aquecem ou refrescam o corpo
de acordo com a temperatura ambiente). “Os avanços serão no sentido de
trazer praticidade e conforto para o dia a dia”, afirma Silvana Eva,
gerente de produto da marca Lycra no Brasil.
22) A tendência worry free predominará nos tecidos. “A ideia é desenvolver
fibras que dispensem cuidados excessivos ao lavar ou passar roupas”,
acredita Marcia Jorge, stylist, de São Paulo.
23) As marcas oferecerão mais opções de tamanho, não se restringindo ao P, M
e G. As calças terão padrões diferentes para tamanho dos quadris e da
cintura, volume do bumbum e a presença ou não de culotes. As camisas
femininas levarão em conta a largura dos ombros, o formato dos seios
etc.
24) “A moda massificada dará lugar à moda exclusivista. As pessoas vão
participar do processo de criação da roupa optando por oficinas de
customização”, conta a stylist Marcia Jorge.
25) Os cremes trarão resultados mais rápidos e visíveis em termos de
rejuvenescimento, eliminação de manchas ou tratamento para acne. “As
substâncias ativas vão chegar às camadas profundas da pele, como
hipoderme”, explica Paschoal Rossetti Filho, cosmetólogo com
especialização em Paris em ativos de beleza.
26) Os filtros solares terão fatores cada vez mais altos para proteção UVA a
fim de evitar o câncer de pele. “Eles já estão sendo exigidos pela
Anvisa”, informa Antonio Celso, vice-presidente técnico da Associação
Brasileira de Cosmetologia.
27) A TV interativa e inteligente será um padrão. Ao assistir a uma novela,
por exemplo, será possível escolher o ângulo pelo qual deseja ver as
cenas e conversar com telespectadores de outras cidades ou até de outros
países.
28) “O conceito de beleza vai se afastar do padrão aniquilante de hoje”,
acredita a cientista social Celia Belem. O que importará no futuro será
cuidar-se bem, sobretudo da pele, do cabelo e dos dentes.
29) “Está em estudo a substituição de implantes mamários por enxerto de
gordura”, conta Sebastião Nelson Edy Guerra, presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica.
30) O desconforto no pós-operatório das cirurgias plásticas vai diminuir
bastante graças à nova geração de medicamentos e equipamentos.
31) Haverá formas mais eficazes de eliminar papadas e bolsas. “Apostamos
numa evolução com cicatrizes menos visíveis”, conta Sebastião Guerra.
32) As gerações futuras não conhecerão dor de dente nem obturações. “O
desenvolvimento científico do controle de micro-organismos bucais
caminha para a descoberta de vacinas que evitem cáries e problemas
periodontais”, aposta Mario Groisman, cirurgião-dentista da Academia
Brasileira de Odontologia.
33) “Os aparelhos ortodônticos serão feitos com fios metálicos com memória e
alinharão os dentes do paciente automaticamente, sem que seja
necessário voltar ao consultório para fazer ajustes”, explica Mario
Groisman.
34) Nunca as mulheres pareceram tão joviais – e é daqui para melhor, oba!
Cremes altamente tecnológicos, cuidados precoces com a pele, tratamentos
estéticos e a valorização crescente dos poderes da boa alimentação
vieram para ficar.
35) Equipamentos de ultrassom e raios X se aprimorarão devido ao avanço da
tecnologia e dos softwares. “Será possível ver e avaliar as estruturas
internas das células e chegar a um diagnóstico preciso e rápido”, conta
Luiz Fernando Reis, diretor de pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, em
São Paulo.
36) A medicina individualizada é o desafio e a tendência. A indústria
farmacêutica e a engenharia genética estarão empenhadas em desenvolver
drogas e terapias específicas para as variedades de uma mesma doença em
cada ser humano.
37) O Centro Nacional de Pesquisa do Câncer, na Espanha, divulgou o
desenvolvimento de um exame de sangue que prevê riscos de sofrer de mal
de Alzheimer e de Parkinson, problemas cardiovasculares ou câncer. “A
previsão das autoridades médicas é de que esteja disponível entre cinco e
dez anos”, conta a médica Paula Cabral, do Rio de Janeiro.
38) “As gestantes poderão ter um aparelho de ultrassom portátil, como um
celular, para mostrar o bebê a todos”, aposta Valéria Labat, consultora
gestacional, em São Paulo.
39) As mulheres viverão mais, mas o período fértil não se prolongará. Para o
ginecologista Marcello Valle, especialista em reprodução humana, do Rio
de Janeiro, o congelamento de óvulos será prática comum.
40) Pesquisas devem descobrir os genes relacionados à infertilidade e à
perda da reserva ovariana. Com isso, os tratamentos para engravidar
serão mais rápidos, bem-sucedidos e menos traumáticos. Injeções de
hormônios serão trocadas por comprimidos.
41) A moeda física (dinheiro, cheque, cartão de crédito) será menos usada, e
os pagamentos ou transações financeiras ocorrerão por operações via
computador, celular, tablet, smartphone.
42) Estudiosos preveem o uso de um dinheiro – ou uma referência financeira
de valores – global, sem identidade vinculada a um único país.
43) “Em 50 anos, as taxas de juros devem baixar no Brasil. O mesmo deve
ocorrer com as tarifas bancárias”, prevê Amir Antonio Khair, economista e
mestre em finanças públicas pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.
Segundo ele, isso deve ocorrer devido a movimentos populares
organizados inicialmente via mídias sociais.
44) Nas empresas, as gestões se tornarão mais humanas e dinâmicas. A
hierarquia existirá de forma mais flexível. “Para determinada atividade,
um profissional assumirá o comando – independentemente de seu nível
hierárquico. Em outra, essa coordenação mudará de mãos”, explica Anna
Zaharov, coach e consultora, de São Paulo.
45) O profissional será estimulado a entender as profissões relacionadas à
função dele e também a dominar as regras gerais do negócio.
46) “As futuras gerações deixarão de ter como referência a agilidade da
máquina e se voltarão para um tempo mais humano, menos frenético”,
acredita Alvaro Guillermo, diretor da agência de estratégias criativas
Mais Grupo, em São Paulo.
47) Os jovens das próximas décadas terão visão de vida circular, com mais
liberdade para escolher as etapas que querem viver. “Eles não vão
vislumbrar o futuro como algo predeterminado: estudar, casar, ter
filhos, trabalhar, se aposentar...”, conta Laura Kroeff, publicitária e
coordenadora de pesquisa e planejamento da Box 1824, em São Paulo.
48) “A ideia do trabalho associado ao sacrifício e que empobrece a vida
pessoal estará desvinculada dos valores do futuro. O workaholic será
visto como uma figura depreciativa e triste”, avalia o sociólogo Gabriel
Milanez, da Box 1824, em São Paulo.
49) Hobbies, estudos e pesquisas pessoais se tornarão fontes de renda
alternativa. Uma estilista também poderá ser DJ no tempo livre, estudar
mitologia grega – talvez dar palestras sobre o assunto – e trabalhar com
animais abandonados. “As gerações serão do ‘e’, não do ‘ou’ ”, diz
Milanez.
50) Cada vez menos a formação acadêmica estará vinculada ao emprego que o
profissional irá conquistar. Mulheres e homens precisarão de
autoeducação contínua para entender o mundo e as novas dinâmicas,
preparando-se para desempenhar diferentes papéis.
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