Situações com alto grau de tensão fazem parte do dia a dia dos policiais militares de São Paulo. Algumas delas costuma perdurar na memória e, com isso, comprometer sua saúde mental. Eis que pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, resolveram usar tecnologia avançada para observar se, de fato, a psicoterapia aplacaria os efeitos nocivos de lembranças traumáticas dentro do cérebro.
Os cientistas recrutaram 36 policiais de São Paulo que trabalhavam durante os famosos ataques realizados por uma facção criminosa em maio de 2006. Eles foram separados em três grupos: um era formado por voluntários sem sintomas do conhecido transtorno de estresse pós-traumático. Os outros dois contavam com policiais visivelmente abalados por aquele período traumático, sendo que só uma turma passou por sessões de psicoterapia. A partir daí, o cérebro de cada um deles foi avaliado por meio da chamada ressonância magnética funcional, um exame moderníssimo que permite enxergar o trabalho dos neurônios em diversas áreas da massa cinzenta. Após uma análise detalhada, os especialistas perceberam que a cabeça dos policiais submetidos à intervenção psicológica funcionava de maneira similar à dos que tinham uma maior resistência natural ao estresse. Já os que não receberam esse suporte apresentavam regiões da cabeça relacionadas à tensão contínua significativamente ativadas. E isso é um feito e tanto: demonstrar, em imagens claras, o efeito positivo da psicoterapia.
Terapêutica do trauma psicológico de policiais militares: estudo com ressonância magnética funcional
Autores: Julio Fernando Prieto Peres, Bernd Foester, Mauricio Domingues, Alexander Moreira-Almeida, Leandro Santana, Antonia Gladys Nasello, Mariangela Gentil Savoia, Henrique Lederman
Instituição: Universidade Federal de São Paulo
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